Diante de um cenário extremamente desafiador, seguir fazendo sempre o mesmo processo pode representar um risco, muitas vezes, irreversível. À medida que as safras acontecem, as demandas por crédito aumentam. Isso ocorre seja pela concorrência no mercado, pelo apetite da própria empresa ou por mudanças nas fontes de crédito. Mas o fato é: o cenário de crédito no agronegócio tem mudado rapidamente nos últimos anos, de forma contínua e sem volta.
A sistematização do processo é, atualmente, parte essencial de uma análise eficaz. Quem não utiliza uma plataforma de análise de crédito ativa hoje tende a perder mais tempo, dados e qualidade na análise. Consequentemente, isso eleva o risco de sua operação de crédito.
Não podemos mais dizer que ter uma plataforma de crédito seja um custo. Na verdade, é um investimento que se paga de forma muito clara. Os benefícios incluem a segurança na tomada de decisão e a otimização do custo “hora-trabalho” do profissional.
Com esses fatos postos, fica evidente: o analista de crédito não pode esperar que o processo ocorra apenas pela demanda do comercial. Cabe ao profissional de crédito manter-se atento e atualizado durante toda a safra.
Da Safra à Antecipação de Riscos
Um processo de crédito não começa com a chegada do IRRF ou BP+DRE. Ele se inicia no planejamento da safra da empresa, ou seja, durante as discussões do orçamento. Nesse momento, as diretrizes de expectativa de crescimento, modelo de vendas e região de atuação devem ser compartilhadas com a equipe de crédito.
Assim, o time de crédito já pode construir uma dinâmica de análise e identificação antecipada de riscos. Analisam-se as expectativas da empresa versus o histórico da carteira, e calculam-se os riscos. Isso inclui histórico de atrasos, condições climáticas previstas para uma região específica, o preço das commodities e até a dificuldade em obter a documentação para o processo formal de crédito.
Ao antecipar esses pontos para toda a empresa, principalmente para o setor comercial, cria-se um objetivo mais claro e um alvo comum. Dessa forma, os riscos previamente analisados podem ser os primeiros casos a serem estudados. Ter tempo para analisar, de fato, torna a dinâmica de crédito mais saudável.
Uma análise de crédito realizada com tempo adequado permite validar diversas alternativas antes de assumir o risco. Isso significa verificar oportunidades em atuar com seguros, descontos de duplicatas, operações financeiras diversas, ou mesmo com garantias e documentos que mitiguem o risco a ser exposto.
É um fato: o time de analistas de crédito tem um papel FUNDAMENTAL no crescimento e na sustentabilidade da empresa. Eles são parte integrante do processo de vendas, um departamento que contribui ativamente com vendas, e não apenas um “bloqueador”.
Sugestões Práticas para o Analista:
- Tenha uma política de crédito clara, objetiva e aplicada.
- Apresente a toda a empresa os resultados financeiros e os impactos das análises de crédito, de forma antecipada e ao longo da safra.
- Seja preventivo: antecipe-se aos fatos e gere valor para a área comercial.
- Não espere pela conta, documentos ou necessidades; faça uma análise mercadológica proativa e antecipe-se aos riscos.
Em suma, o analista de crédito transcende a função de mero avaliador; ele é um pilar estratégico para a saúde financeira e o crescimento sustentável da empresa no agronegócio. Ao adotar uma postura proativa, analítica e integrada às dinâmicas de mercado, esse profissional não só mitiga riscos, mas também impulsiona novas oportunidades de negócio, consolidando seu papel como um verdadeiro parceiro estratégico em vendas e desenvolvimento.
Conteúdo escrito por Daniel Freire, Especialista de Crédito da Traive