CPR financeira: entenda o que é e como ela funciona

Traive Finance

A CPR financeira (Cédula de Produto Rural) é um dos títulos de crédito mais importantes para o financiamento da produção agrícola, além de uma agente essencial para o crescimento das oportunidades de financiamento do agronegócio no Brasil

No cenário atual, onde a gestão financeira é cada vez mais complexa, a CPR se destaca como uma ferramenta fundamental para gestores de crédito e diretores financeiros que buscam alternativas eficientes de apoio financeiro

Entender como a CPR financeira funciona e seus benefícios pode ser decisivo para otimizar a concessão de crédito e fortalecer a saúde financeira de qualquer negócio agrícola.

Continue lendo para saber mais.

O que é a CPR financeira?

A CPR Financeira, ou Cédula de Produto Rural Financeira, é um título de crédito que permite ao produtor rural captar recursos financeiros para suas operações, comprometendo-se a pagar o valor devido em dinheiro na data de vencimento. 

A CPR financeira, especificamente, é um tipo de CPR que se caracteriza pelo pagamento ser feito em dinheiro. Como consequência, a liquidação é financeira — ao contrário da CPR física, como você verá adiante.

Esse tipo de CPR é uma solução muito utilizada por produtores que precisam de capital para adquirir insumos agrícolas, como fertilizantes, sementes ou maquinário, sem comprometer a produção futura. 

Nesse caso, ele negocia as condições com um investidor ou intermediário, que adquire o título. Com isso, o produtor recebe uma quantia antecipada e se compromete a pagar o valor obtido mais uma taxa de juros. No vencimento, o produtor paga a quantia em dinheiro ao investidor, liquidando a CPR financeira.

Além disso, existe a possibilidade de emitir CPRs financeiras atreladas ao dólar, como forma de proteção contra variações cambiais, o que é particularmente útil para produtores que negociam no mercado internacional. 

Para os produtores, a CPR financeira é bastante relevante por permitir acessar recursos sem precisar se desfazer de ativos ou esperar a colheita. Já para instituições financeiras e investidores, há a oportunidade de lucrar com o agro e diversificar o portfólio.

Por causa de suas características, a CPR financeira é fundamental para financiar atividades do agro. Com ela, os produtores podem manter ou expandir suas atividades com condições mais favoráveis.

CPR física X CPR financeira

Como você viu, a CPR financeira não é o único tipo que existe. Além dela há a CPR física, que se diferencia principalmente pelo tipo de liquidação.

Enquanto a CPR financeira prevê a liquidação financeira (ou seja, em dinheiro), a CPR física se baseia na entrega de produtos agrícolas na quantidade e na qualidade especificadas.

Na prática, significa que a CPR física é lastreada na entrega futura de produtos agrícolas, sendo eles a sua garantia. Já a CPR financeira a garantia é monetária, podendo ser lastreada no valor dos produtos agrícolas ou até mesmo vinculada ao dólar, como mencionado. 

A escolha entre uma CPR física e uma financeira depende das necessidades e objetivos do produtor e do investidor. A CPR física costuma ser mais usada quando há interesse em receber o produto físico, como no mercado de commodities, enquanto a CPR financeira é preferida por sua simplicidade e pela liquidez financeira direta.

Entenda as diferenças entre CPR financeira e CPR física

Componentes principais de uma CPR financeira

Por ser um título com lastro monetário, a CPR financeira deve conter alguns componentes que estruturam a relação de crédito. Veja quais são alguns dos principais elementos:

  • Valor nominal: representa o valor principal que o emitente receberá e que deverá pagar ao investidor mais os juros;
  • Taxa de juros: é a taxa aplicada sobre o valor nominal da CPR, determinando o adicional pago;
  • Data de vencimento: período em que deverá ser realizado o pagamento final do principal mais os juros;
  • Câmbio: moeda em que serão pagos o principal e os juros, como real ou dólar;
  • Garantias envolvidas: incluem os lastros e garantias da operação de crédito, que podem ser a penhora de bens e até da produção rural;
  • Identificação das partes: informações detalhadas sobre o emitente, a instituição financeira ou investidor, garantindo a legitimidade do documento;
  • Cláusulas específicas: condições extras, que podem incluir a cláusula de correção monetária, de renegociação ou outras.

Estruturação de uma CPR financeira

Conhecer os componentes da CPR financeira também é essencial para compreender como esse título de crédito é estruturado. Nesse caso, imagine que um produtor rural emite uma CPR financeira para ter um financiamento de R$ 100 mil. A taxa de juros é de 11% e o prazo, de 12 meses.

Assim, a estruturação da CPR financeira será:

  • Identificação do emitente: incluindo CPF ou CNPJ e endereço;
  • Identificação do beneficiário: com CNPJ e endereço;
  • Valor nominal: R$ 100.000,00
  • Taxa de juros: 11% a.a
  • Pagamento total: R$ 100.000,00 + R$ 11.000,00 = R$ 111.000,00
  • Data de vencimento: 4 de setembro de 2025
  • Garantia: penhora da produção de soja e de um maquinário avaliado em 115% o valor principal;
  • Cláusula de correção monetária: o valor da CPR será corrigido pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) caso a inflação supere 5% ao ano;
  • Cláusula de penalidade por atraso: aplicação de multa de 2% sobre o valor total e de 1% por mês de atraso.

Note também que diversos desses componentes impactam a análise de crédito. O valor nominal e a taxa de juros, por exemplo, interferem no total a ser pago e, portanto, no endividamento do produtor. 

Dependendo do histórico financeiro e da situação econômica atual do emitente, a análise do score de crédito e rating pode sugerir um limite de crédito menor. Nesse caso, o objetivo é diminuir as chances de inadimplência.

A existência de garantias e mesmo de cláusulas especiais também interferem na análise de crédito. Elas servem para proteger o investidor, reduzindo o risco de crédito e potencialmente melhorando a avaliação, por exemplo.

Leia também: Por que antecipar recebíveis do agronegócio?

Agentes envolvidos e suas responsabilidade

Na emissão e operação da CPR Financeira, diversos agentes desempenham papéis essenciais para garantir o sucesso e a segurança da transação

Cada um deles possui responsabilidades específicas que asseguram a integridade da operação e a proteção de todas as partes envolvidas. Abaixo, destacamos quem são esses agentes e suas principais funções:

Produtor rural 

O produtor rural é o agente que busca o financiamento para suas atividades agrícolas, utilizando a CPR Financeira como uma ferramenta para captar recursos. 

Sua responsabilidade começa na emissão da CPR, onde ele deve negociar os termos com o credor ou investidor. É essencial que o produtor esteja atento às condições estabelecidas, como prazos e taxas, além de fornecer garantias adequadas para que a operação seja considerada segura.

As principais responsabilidades do produtor rural incluem:

  • Emitir a CPR Financeira, estabelecendo todas as condições da operação;
  • Fornecer garantias adequadas para assegurar a confiança do credor ou investidor;
  • Cumprir rigorosamente os termos de pagamento na data de vencimento, mantendo sua credibilidade no mercado.

Credor (instituição financeira)

O credor, que pode ser uma instituição financeira, cooperativa ou outro tipo de financiador, é responsável por fornecer os recursos ao produtor rural. Em troca, ele recebe a promessa de pagamento emitida pelo produtor rural, que é a própria CPR.

Normalmente, o credor disponibiliza os valores de modo seguro e mitigando os riscos. Para evitar a inadimplência, é sua responsabilidade realizar uma criteriosa análise de crédito e de garantias.

As responsabilidades do credor incluem:

  • Fornecer o financiamento conforme os termos acordados com o produtor rural;
  • Avaliar o risco de crédito do produtor e exigir garantias adequadas para minimizar o risco;
  • Monitorar o cumprimento das condições da CPR ao longo do período da operação.

Agentes de registro 

os agentes de registro são essenciais para a formalização e segurança jurídica da CPR. Eles precisam manter registros precisos e acessíveis dessa promessa de pagamento, garantindo a transparência do processo.

As responsabilidades dos agentes de registro incluem:

  • Registrar a CPR Financeira de forma oficial, garantindo sua validade jurídica;
  • Manter um sistema confiável de registro, acessível a todas as partes envolvidas;
  • Assegurar que o documento está devidamente formalizado e de acordo com as normas legais.

Notários

Os notários são responsáveis por validar a autenticidade da CPR Financeira e das assinaturas das partes envolvidas, proporcionando uma camada extra de segurança ao processo. Isso é feito, por exemplo, por meio da autenticação da assinatura das partes — que é uma de suas responsabilidades.

As responsabilidades dos notários incluem:

  • Autenticar a assinatura das partes envolvidas na emissão da CPR;
  • Garantir a validade dos documentos e a conformidade legal da CPR;
  • Assegurar que todas as formalidades legais foram cumpridas, conferindo maior segurança jurídica à operação.

Investidores

Por fim, os investidores são os agentes que adquirem a CPR Financeira com o objetivo de obter retorno sobre o investimento. Eles precisam estar bem informados sobre os riscos associados à operação e à credibilidade do produtor rural que emite o título. 

Os investidores também têm que ser capazes de avaliar a credibilidade dos emissores para tomar decisões embasadas. Com isso, uma das responsabilidades dos investidores envolve analisar as oportunidades e avaliar os riscos e benefícios.

Em muitos casos, os investidores também podem comprar os títulos de dívida no mercado secundário — ou seja, de outros agentes que não são os produtores rurais. Com uma análise completa, eles podem identificar se essa é uma boa oportunidade.

As responsabilidades dos investidores incluem:

  • Analisar as oportunidades de investimento em CPRs, avaliando seus riscos e benefícios;
  • Avaliar a credibilidade do produtor rural e a solidez das garantias oferecidas;
  • Decidir sobre a compra de CPRs, seja na emissão inicial ou no mercado secundário, com base em uma análise de risco criteriosa.

Legislação e regulamentação da CPR financeira

Para cumprir plenamente sua função no setor agro, a CPR financeira precisa estar em conformidade com a legislação vigente. Além de garantir a segurança jurídica das operações, isso serve para evitar possíveis penalidades aplicadas pelos órgãos reguladores.

Do ponto de vista legal, a CPR financeira foi instituída originalmente pela Lei nº 8.929/1994. Com ela, o setor agro passou a ter uma nova fonte de financiamento para os produtores, com regulamentação.

Quase 30 anos depois, foi sancionada a Lei nº 14.421/2022. Ela também aborda a CPR financeira, mas foca em modernizar as regras, além de trazer mais clareza sobre a emissão e o registro desse documento.

A lei de 2022 também trouxe mudanças como a possibilidade de emissão eletrônica e o registro obrigatório. Já as penalidades se tornaram mais claras, para o caso de não haver o cumprimento das condições acordadas.

Novas mudanças podem ocorrer, tanto com as alterações das leis existentes quanto pela liberação de normas dos órgãos regulamentadores. Por isso, vale a pena acompanhar essas mudanças para manter a regularidade do documento.

Colhendo os benefícios da CPR Financeira

Ao longo deste artigo, você aprendeu que a CPR financeira é uma ferramenta de financiamento agrícola de grande relevância para o setor e seus agentes. Desde que ela seja emitida e utilizada com conformidade legal, é possível explorar seus diversos aspectos positivos.

Esse tipo de título também é importante para os gestores de crédito, até porque suas condições afetam a análise de crédito. Para tornar o processo mais efetivo, vale a pena contar com o apoio da tecnologia.

Conheça a solução da Traive e entenda como a inteligência artificial pode ser útil.

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