No dinâmico universo financeiro, a figura do analista de crédito sempre foi fundamental. Tradicionalmente, esse profissional era o guardião das decisões de empréstimo, munido de sua experiência e capacidade de gestão de riscos.
Mas esse cenário está mudando rapidamente. Vivemos uma profunda transformação impulsionada por dados, automação e inteligência artificial. O avanço tecnológico está reconfigurando por completo a forma como o crédito é concedido, monitorado e gerenciado.
Mais do que otimizar processos, essa nova realidade exige um reposicionamento do analista de crédito — de executor a estrategista. É necessário se adaptar, dominar novas ferramentas e entender como os dados podem gerar inteligência de negócio.
Neste conteúdo, vamos explorar como o papel do analista de crédito está evoluindo e o que esperar desse novo perfil — com insights trazidos do nosso webinar “O novo papel do profissional de crédito diante da tecnologia e dos dados”.
O que faz um analista de crédito hoje?
Historicamente, a principal responsabilidade do analista de crédito — seja ele rural ou corporativo — sempre foi avaliar riscos: analisar a capacidade de pagamento do cliente, negociar garantias e aprovar ou não a concessão de crédito. Seu trabalho exigia proximidade com o cliente e domínio sobre documentos e históricos financeiros.
Hoje, esse papel vai muito além.
Durante o webinar da Traive, Fernando Almeida, Gestor de Crédito e Sustentabilidade da Fiagril, relembrou como, não muito tempo atrás, a análise era feita com base em documentos como o imposto de renda, oferecendo apenas uma fotografia estática e desatualizada da situação do produtor.
“Durante a pré-pandemia, eu recebia na minha mesa uma pilha de contratos para assinar manualmente”, comentou. “Era um processo que consumia bons minutos do dia só para assinar documentos.”
Na mesma conversa, Maurício Quintella, líder de soluções financeiras na Traive, ressaltou como o contexto mudou drasticamente:
“Há cinco anos, um analista operava com a soja a R$180/saca, custo de produção a R$3.500/hectare e juros a 3% ao ano. Em 2025, a soja está a R$110-R$120/saca, custo a R$5.000-R$6.000/hectare e juros perto de 15%.”
Com um cenário tão volátil e complexo, confiar apenas no “fio do bigode” ou em documentos defasados já não é suficiente. O analista precisa de novos recursos — e é aí que entram os dados e a tecnologia.
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Dados e tecnologia: os novos aliados do profissional de crédito
A transformação no papel do analista ganhou tração com o avanço de ferramentas tecnológicas e o aumento exponencial da disponibilidade de dados. Hoje, é possível acessar e cruzar diversas informações — financeiras, jurídicas, climáticas, operacionais — em tempo real, formando uma visão 360° do tomador de crédito.
O papel da inteligência artificial (IA), do machine learning e das plataformas especializadas é transformar esses dados brutos em informação acionável.
Durante o webinar da Traive, Fernando Almeida resumiu bem esse desafio ao afirmar:
“Dados são extremamente importantes, mas eles precisam se transformar em informação”.
Daniel Freire, profissional da Traive com mais de 20 anos de experiência no setor, complementou, destacando a relevância da tecnologia no agro:
“A tecnologia, veio para ficar no agro, principalmente no crédito. Acho que foi a última barreira”.
Segundo Daniel, as plataformas modernas conseguem reunir informações de diversos pontos públicos e até pontos privados, por exemplo, do Bacen, tornando a consulta mais rica e ágil do que a tradicional solicitação de imposto de renda.
Plataformas como a da Traive são exemplos de soluções tecnológicas que permitem uma análise de crédito agrícola mais rápida e precisa.
Daniel mencionou que a tecnologia permite análises simplificadas para grandes volumes de clientes – por exemplo, um limite de até R$ 20 mil pode ser pré-aprovado sem passar por todo o crivo de análise, focando em “ESG, tribunais de justiça, uns pontos que são relevantes para o negócio” – e, ao mesmo tempo, possibilita um foco maior em casos de alto risco ou concentrações, mesmo quando o cliente não fornece toda a documentação.
Além disso, o acesso a sistemas como o SCR (Sistema de Informações de Crédito do Banco Central) e o uso de imagens NDVI para monitoramento de lavouras oferecem dados tangíveis e em tempo real, que eram impensáveis anos atrás.
Tendências e transformações: como o perfil do analista de crédito está evoluindo?
O perfil do analista de crédito está em constante evolução, impulsionado por tendências claras. Antigamente, ele agia como um “goleiro”, focado principalmente em defender o caixa da empresa ao evitar riscos e inadimplência. Hoje, essa função se expande, transformando-o em um “atacante”, cujo foco não é apenas processar informações, mas interpretá-las e utilizá-las para gerar valor, identificar oportunidades de negócio e impulsionar o crescimento.
As tendências que moldam essa evolução incluem:
- Automação de análises: ferramentas de IA e ML automatizam a coleta e o processamento de dados, liberando o analista de crédito para tarefas mais estratégicas;
- Avaliação em tempo real: a capacidade de acessar e analisar dados em tempo real permite decisões de crédito mais ágeis, essencial no mercado agrícola;
- Visão preditiva do risco: graças à IA, é possível ir além da análise retrospectiva e prever riscos futuros com maior precisão, otimizando a alocação de recursos;
- Uso de dados alternativos: além dos dados financeiros tradicionais, informações climáticas, de mercado e geográficas (especialmente relevantes para o agente de crédito rural) enriquecem a análise, fornecendo uma visão 360° do cliente. Assim, a capacidade de coletar e interpretar esses dados alternativos é um diferencial competitivo para o analista de crédito;
- Papel estratégico do analista de crédito como business partner: o analista de crédito moderno atua como um consultor, auxiliando empresas a tomar decisões financeiras estratégicas. Isso envolve a compreensão profunda do negócio do cliente e a identificação de oportunidades de crescimento.
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Desafios da atuação moderna
Apesar de todas as oportunidades, a transição não é simples. Os desafios incluem:
- Excesso de informação sem inteligência: a grande quantidade de dados pode ser esmagadora se não houver ferramentas e expertise para transformá-los em insights acionáveis;
- Necessidade de capacitação técnica: O analista de crédito precisa desenvolver habilidades em análise de dados, IA e novas plataformas tecnológicas;
- Adaptação cultural e resistência à tecnologia: a transição para um modelo mais digitalizado exige uma mudança de mentalidade e a superação de resistências internas;
- Equilíbrio entre experiência humana e automação: o desafio é integrar a intuição e o conhecimento humano com a precisão dos algoritmos, encontrando o ponto ideal para decisões robustas.
Oportunidades para analistas de crédito na nova era
A era dos dados não apresenta apenas desafios, mas, acima de tudo, um vasto leque de oportunidades para o analista de crédito. A integração da tecnologia e da inteligência de dados eleva o nível de atuação desses profissionais, permitindo que eles gerem um valor sem precedentes.
As oportunidades são vastas, especialmente no contexto do agronegócio:
- Geração de valor com decisões mais assertivas: menos inadimplência e mais negócios bem-sucedidos. Com dados e tecnologia, a entrega é muito mais “saudável”, com uma margem muito melhor para a companhia;
- Redução do risco de inadimplência: a análise preditiva e o monitoramento contínuo permitem antecipar e mitigar problemas, reduzindo o risco de vender e “quebrar” ao mesmo tempo;
- Ampliação de mercado com análise de novos perfis: a tecnologia permite avaliar clientes que, antes, não se enquadravam em análises tradicionais por falta de documentação ou histórico, abrindo novos mercados e participações;
- Novas formas de atuação no mercado de capitais: o analista de crédito passa a ter um papel fundamental na qualificação dos recebíveis para atração de investidores, impulsionando a participação da revenda no mercado de capitais por meio de CRAs, FIAGROs e outras estruturas.
Esse último ponto foi destacado por Daniel Freire, ao reforçar a importância da integração entre as áreas de crédito e financeiro. Para ele, não se trata mais apenas de avaliar risco de pagamento, mas de preparar a carteira de recebíveis como ativo financeiro. Daniel Freire, no webinar, reforçou esse ponto:
“O time de crédito para as empresas que têm departamentalização de financeiro e crédito, eles têm que andar junto”, pois a carteira de recebíveis é uma fonte de caixa valiosa. A qualidade da governança e dos processos de crédito melhora o cenário para que o “mercado lá de fora precisa dessa governança, precisa dessa clareza de como é feita na área de crédito”.
A nova era capacita o analista de crédito a ir muito além do que era possível, transformando-o em um estrategista financeiro capaz de inovar e impulsionar o crescimento.
Rumo a uma atuação mais estratégica e orientada por dados
O papel do analista de crédito está mais estratégico do que nunca. De um profissional que antes era visto primariamente como um avaliador de risco, ele se tornou um profissional de crédito que impulsiona o crescimento e a inovação.
No encerramento do webinar, Maurício Quintella, líder da área de soluções financeiras da Traive, resumiu a essência do novo papel do analista de crédito com uma frase que encapsula a virada estratégica:
“Não pode ser um diferencial você dar crédito… mas tem que ser você tomar a decisão mais rápido que os outros e conseguir enxergar um pouco para frente”.
O analista de crédito moderno torna-se um agente proativo na identificação de valor e no impulsionamento do crescimento, agindo com agilidade para conquistar e reter clientes.
O futuro do crédito é, sem dúvida, orientado por dados, e as empresas e profissionais que liderarem essa transformação terão uma vantagem competitiva significativa. A tecnologia, longe de substituir o fator humano, aprimora-o, permitindo que o profissional foque em análises mais profundas e na construção de relacionamentos mais fortes.
Para empresas e profissionais que buscam excelência e inovação nesse novo cenário, é indispensável contar com parceiros tecnológicos que ofereçam soluções robustas e inteligentes. A Traive é uma dessas parceiras, capacitando o mercado a operar com mais inteligência e segurança.
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